.Capitólio, município de Minas Gerais, foi palco de um desastre natural no dia 8/01 deste ano, deixando muitos feridos e infelizmente, vítimas fatais deste acontecimento.
O município de Capitólio, que fica a somente 28 quilômetros da capital Belo Horizonte, atrai milhares de turistas todos os anos em seus muitos pontos turísticos.
Entretanto, dentre tantos pontos belos no município, o Lago de Furnas é o mais visitado, tornando-se até mesmo cartão postal da cidade de Minas Gerais.
Desta forma, autoridades e especialistas seguem investigando possíveis culpados e responsáveis pelas vítimas e feridos.
O desastre que chocou o país e seus viajantes trouxe muitos questionamentos de especialistas e autoridades no assunto.
E, por mais irônico que pareça, deixou alguns pontos de aprendizado tanto para turistas quanto para agências de viagem.
O que dizem os especialistas sobre o desastre de capitólio
Primeiramente, é preciso frisar que não há responsáveis pelo acontecido, por esta razão chama-se desastre natural.
O que os especialistas estão investigando e analisando é se havia risco prévio para o desastre e os responsáveis pelas vítimas do deslizamento.
Ademais, a geóloga e professora da Universidade Federal de Goiás (UFGO) relatou em entrevista à CNN que já havia risco de desabamento da rocha em questão.
Tal risco ainda foi agravado pela alta quantidade de chuvas no local do Lago de Furnas que ampliou a fragilidade da rocha.
“A área deveria ter sido fechada para o turismo até que se fizesse uma intervenção de técnicos capacitados, além de uma análise mais precisa dos riscos no local. Já havia uma fratura prévia na rocha que se desprendeu.
Essa fratura ia desde o topo até a base e são preenchidas pelo solo. Com a intensidade das chuvas, esse solo que fica entre as fraturas foi lavado e levado embora. Além disso, a água ajudou a fazer mais peso dentro da fratura. Como já estava previamente deslocado do paredão rochoso, com a intensidade dessas chuvas, o pedaço se deslocou por completo”
Ainda em 2012 o médico Flávio Freitas foi “turistar” no Lago de Furnas com a família e como qualquer bom turista fez muitas fotos do passeio.
Porém, uma destas fotografias chamou a atenção por conta de uma grande rachadura em um dos rochedos, tal foto ficou com a seguinte legenda: “Essa pedra vai cair”
Dez anos após a fotografia tirada por Flávio, podemos pensar em um possível presságio? Com toda certeza não.
Posteriormente, em 2019 o jornalista da Globo Maurício Ferraz fez um registro da mesma rocha que Flávio, porém em outro ângulo que mostra a exata mesma rachadura bem mais exposta.
A questão que paira nesse assunto é:
Se pessoas leigas no assunto conseguiram visualizar e fotografar as fissuras da rocha, onde estavam os órgãos responsáveis pelo turismo da cidade?
Bom, segundo o jornal Brasil de Fato, o governador do estado de Minas Gerais Romeu Zema informou em uma coletiva de imprensa que a tragédia não poderia ser evitada.
“Eu acho que poderiam [ser evitadas] da mesma maneira que nós podemos evitar que nenhuma rocha venha a rolar de nenhuma montanha no Brasil.”
Relatou o governador sobre as mortes causadas pelo deslizamento.
Porém, o prefeito do município de Capitólio relatou um dia antes que o local do Lago de Furnas nunca tinha sido submetido a uma análise de riscos.
“Até o momento, não [nunca foi debatida a análise de risco geológico]. Eu acredito, assim, que para a gente olhar dentro de uma tragédia e fazer um questionamento desse não seria virtuoso. Daqui para frente, sim, a gente precisa fazer uma análise dessa”
De certa forma, o governador da cidade estava correto ao afirmar que não havia como impedir o deslocamento da rocha. Uma vez que é um acontecimento natural, ou seja, causado por efeitos naturais.
Entretanto, caso a fiscalização devida fosse feita regularmente, o seria notado por especialistas. Do mesmo modo que foi notada pelo médico Flávio em 2012 e pelo repórter Maurício em 2019.
Aprendizado sobre o desastre natural de Capitólio
Desta forma, com os posicionamentos das autoridades da cidade e município é notável que a falta de fiscalização (e interesse) prévio no local causou as mortes e acidentes.
Locais naturais de visitação devem ser submetidos a análises prévias constantes e isso é de responsabilidade do governo da cidade.
Desta forma, mortes são evitadas, os gastos emergenciais dispensados assim como as atividades turísticas do local não são afetadas, como foram.
Ao colocar turistas em um ponto turístico a segurança deve sempre ser assegurada. Ainda mais se for em locais naturais como cânions, rochedos, cachoeiras, quedas d’ água, etc.
Infelizmente, é muito comum vermos pontos turísticos de cidades descuidadas e com riscos explícitos e isso não tem relação com a quantidade de visitação.
Até porque, o Lago de Furnas é um ponto que reúne milhares de turistas todos os anos e mesmo assim foi palco de tal desastre.
Entretanto, não foram somente os órgãos governamentais que falharam. Desta forma, os responsáveis pelos passeios no local também precisam ser devidamente responsabilizados.
O Tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais relatou em entrevista à CNN que já havia o alerta de evitar visitações a paredes rochosas e cachoeiras em épocas de chuvas intensas, como a atual.
“A orientação que já existe é que, no momento de fortes chuvas como o atual, ou de cenário de solo muito saturado em áreas de risco geológico, as pessoas mantenham distância segura dessas regiões rochosas”
Além de todos estes alertas, o local ainda contava com o chamado da Defesa Civil de MG horas antes do deslizamento sobre o risco de cabeças d’água na região.
Ou seja, todos os responsáveis pelos passeios estavam cientes do risco ao qual estavam expondo a si próprios e aos turistas.
Desta forma, fica o aprendizado:
- Dar ouvidos aos órgãos de segurança pública sobre os possíveis riscos.
- Aos órgãos governamentais de fiscalizar e manter a devida manutenção de seus pontos turísticos.
- Ás agencias de turismo e donos de lanchas sobre os riscos ao expor seus turistas.
- Aos turistas para ficarem atentos aos possíveis riscos de passeios.
Assim, é necessário responsabilizar os órgãos devidos para que garantam que a fiscalização seja efetuada e assim acontecimentos como este não voltem a se repetir.